2 "Se tão-somente pudessem pesar a minha aflição e pôr na balança a minha desgraça!
5 Zurra o jumento selvagem, se tiver capim? Muge o boi, se tiver forragem?
6 Come-se sem sal uma comida insípida? E a clara do ovo, tem algum sabor?
7 Recuso-me a tocar nisso; esse tipo de comida causa-me repugnância.
8 "Se tão-somente fosse atendido o meu pedido, se Deus me concedesse o meu desejo,
9 se Deus se dispusesse a esmagar-me, a soltar a mão protetora e eliminar-me!
11 "Que esperança posso ter, se já não tenho forças? Como posso ter paciência, se não tenho futuro?
12 Acaso tenho a força da pedra? Acaso a minha carne é de bronze?
13 Haverá poder que me ajude, agora que os meus recursos se foram?
15 Mas os meus irmãos enganaram-me como riachos temporários, como os riachos que transbordam
16 quando o degelo os torna turvos e a neve que se derrete os faz encher,
17 mas que param de fluir no tempo da seca, e no calor desaparecem dos seus leitos.
18 As caravanas se desviam de suas rotas; sobem para lugares desertos e perecem.
19 Procuram água as caravanas de Temá, olham esperançosos os mercadores de Sabá.
20 Ficam tristes, porque estavam confiantes; lá chegaram tão-somente para sofrer decepção.
21 Pois agora vocês de nada me valeram; contemplam minha temível situação, e se enchem de medo.
22 Alguma vez lhes pedi que me dessem alguma coisa? Ou que da sua riqueza pagassem resgate por mim?
23 Ou que me livrassem das mãos do inimigo? Ou que me libertassem das garras de quem me oprime?
25 Como doem as palavras verdadeiras! Mas o que provam os argumentos de vocês?
26 Vocês pretendem corrigir o que digo e tratar como vento as palavras de um homem desesperado?
27 Vocês seriam capazes de pôr em sorteio o órfão e de vender um amigo por uma bagatela!
28 "Mas agora, tenham a bondade de olhar para mim. Será que eu mentiria na frente de vocês?
30 Há alguma iniqüidade em meus lábios? Será que a minha boca não consegue discernir a maldade?